Sobre autoestima: quais ações podem melhorar a percepção de si mesmo?
- Roberta Leite
- 6 de jun. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 19 de ago. de 2024

Nós não existimos sem os outros. Quando um bebê nasce ele não sobrevive se não houver o cuidado de outras pessoas. Pessoas que o nomeiam, que o nutrem, que lhe dão afeto. A partir da rede de referências do que nossos pais, responsáveis, familiares, professores dizem sobre nós e a leitura que vamos construindo disso, vai se desenhando o nosso olhar. Introjetamos muitos desses valores que balizam a nossa percepção.
Portanto, é nesse processo do que nos foi dito, das experiências acumuladas e como as apreendemos que vamos construindo, por vezes, de forma muito rígida, um conjunto de crenças que podem ser muito negativas sobre nós mesmos.
Ao longo desse processo de construção do nosso olhar, situações desafiadoras e que sejam percebidas como fracasso, erro, incapacidade reforçam uma baixa autoestima.
Por exemplo, não passar no vestibular, se sentir rejeitado numa relação amorosa entre outras experiências possíveis podem ir cristalizando uma percepção sobre si mesmo e da realidade que lhe cerca, especialmente negativa e que assume estatuto de verdade primeira.
nunca vou ser amado por ninguém,
me acho burro,
sou incapaz de me relacionar,
sou feio,
tenho raiva de mim...
Como vemos, vai se enredando uma trama de pensamentos e sentimentos recorrentes que apontam para uma baixa autoestima com comportamentos evitativos em determinadas esferas de nossas vidas ou em toda sua extensão.
Há a amplificação de um olhar julgador que se distancia da realidade experienciada e se direciona para aquilo que não foi exitoso: aquilo que “faltou” fazer no trabalho, aquilo que não gosta no corpo, aquilo que deveria dizer naquele encontro amoroso, entre outras situações.
É um discurso sobre o que falta, onde o enredo de diversas histórias é esquecido em detrimento do que não foi 'bem' executado.
Nesse diálogo interno entre o que se deve fazer e o que se faz, sempre fica uma lacuna, um sentimento de não conseguir corresponder ao que é esperado pelo outro. Importante percebermos aí que a dimensão do que genuinamente deseja fica esquecida pela busca de corresponder ao outro.
É muito importante deixar vir à tona perguntas como:
o que eu desejo? Com o que me identifico? Faz sentido, por exemplo, trabalhar nessa área ou é o que acho que esperam de mim?
Ações como se dar espaço para compreender o que lhe motiva, como prefere se expressar, quais os interesses que você possui, podem ajudar a mexer com o seu olhar e como se percebe.
Além dessas perguntas sobre o que, de fato, lhe move, o que gosta de fazer, podemos ensaiar uma outra posição diante de uma mente julgadora que é fazer um movimento de ser mais observador de si nos momentos em que tais pensamentos e sentimentos negativos vêm à tona. Esse exercício não é fácil, pois dizemos de um modo de funcionamento que se vive ao longo da vida sendo muito consistente, mas a ideia ao se observar em suas falas e pensamentos já é uma forma de estar em outro lugar na relação com esse discurso julgador.
Por fim, vale salientar a importância fundamental de um processo terapêutico de modo a investigarmos essa trama tecida ao longo da vida na direção de operar uma separação entre um discurso familiar, sócio-cultural de um determinado contexto em que se viveu e o que você fez e faz consigo mesmo a partir desse vivido.
Vamos buscar outras maneiras e posições mais leves e saudáveis de lidar com a vida?
